segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Memórias de um post esquecido e algumas reflexões de um Paladino




Olá caros guerreiros e guerreiras.

 Estava eu fazendo minha vistoria matinal no Vale, quando me deparo com um antigo post, que me deixou intrigado e inspirado a escrever este artigo, dando meu ponto de vista à discussão.

Eis o post: Brasileiros esculacham os servidores de MMORPGs?

Eu iria responder os comentários lá mesmo, mas as idéias acabaram brotando e o comentário foi ficando muito extenso. Achei melhor então fazer um post referenciando o assunto.

Realmente existem jogadores revoltados com a situação.

Na MINHA opinião existem alguns fatores que ajudaram o brasileiro a ser mal-visto:

1 - A cultura do "espertinho".

O fato de sempre querer conseguir as coisas "às espertas", faz com que muitos players simplesmente se preocupem só em ficar mais forte o mais rápido possível, e simplesmente não conhecem o restante do jogo.

Pensemos da seguinte forma: Um bom MMO é feito pra ter uma média de 6 meses de conteúdo (1 ou 2 horas por dia), se for bem explorado. Sem patchs, sem expansões, apenas o jogo em si.

Mas o que vejo na maioria dos players é sempre a necessidade de "upar rápido". Com isso, jogam uma média de 4 a 5 horas por dia, num frenesi de matar mobs e fazer pvps. E para que? Para conseguir uma armadura mais forte ou uma arma mais forte. E, novamente, para que? Para ficarem mais fortes e baterem nos mais fracos. Só isso.

E com isso perdem muito do jogo. Uma boa parcela não conhece as quests, não conhece a história do jogo e nem sabe quem é aquele NPC super-forte que encontraram no final da masmorra. E, se para ser "o mais forte" mais rapidamente for preciso alguns cheatcodes ou programas, porque não?!
Infelizmente a cultura do espertinho permeia não só no mundo dos MMOs, como vagueia pela internet afora e no dito "mundo real".

2 - "Filhos" do Counter Strike.

Alguns ficarão revoltados com o que vou dizer aqui mas, durante algum tempo, o mais próximo que a classe baixa brasileira conheceu de "jogo multijogador" foi o conhecido jogo de tiro Counter Strike. Inclusive, muitas lan houses fundadas em bairros tiravam seu lucro diretamente deste jogo. O jogo foi uma grande febre (pelo menos aqui no estado de São Paulo), e criou alguns costumes não muito amigáveis nos players, como xingar um companheiro porque não fez determinada ação da forma "certa".

De maneira nenhuma me refiro aqui que o jogo em si tenha culpa nisso. Não é essa a idéia.

Mas o fato é que a febre passou. Algumas lan houses faliram. E muitos destes "filhos" resolveram experimentar outras coisas. O problema é que estavam entrando em um novo mundo, com velhos costumes. E muitos destes foram para os MMOs de vários tipos.

É fato que já existiam brasileiros mal-educados e destruidores nos MMOs bem antes disso, mas este fato só fez enriquecer ainda mais a generalização deste tipo de jogador.


3 - A "preguicite estrangeira aguda".


Agora, associamos isso ao fato de que a média do povo brasileiro sofre de uma doença chamada "preguicite  estrangeira aguda". O que seria isso? Simples. Nosso povo não é acostumado a experimentar outros idiomas por vontade própria. Tirando o fato de que jogamos alguns jogos sem tentar entender direito o enredo, e assistimos alguns filmes legendados obrigados pelos professores, a maioria não tem a cultura de tentar aprender outro idioma por vontade própria, ou mesmo por curiosidade. Quero deixar bem claro que estou sendo generalista neste ponto.

Dessa forma, os recém-saídos do tiroteio começaram a enfrentar alguns problemas com a língua e costumes estrangeiros. Acontece que, ao invés de ter interesse em tentar entender um pouco mais de como funcionam as coisas, restou a saída de conseguir as coisas "pela força".
Também é preciso levar em conta que, no começo os latinos já não eram muito bem vistos por parte da cultura americana. A avalanche de brasileiros nos servers, que mal conseguiam se comunicar e que simplesmente saiam matando os outros players e "upando" a torto e à direito, criou um certo desconforto e os americanos responderam com o que tinham de melhor: indiferença e ignorância.

Sim, meus caros amigos, no início uma boa parte dos americanos foi bastante rude. Talvez isso tenha causado um certo ressentimento cultural. Não estou dizendo que um ou outro começou isso. Acredito que as duas coisas tenham acontecido ao mesmo tempo: brasileiros mal-educados e americanos rudes com os novatos (ditosnoobs).

É interessante ver agora como muitos jogadores odeiam a palavra noob sem nem ao menos saber o sentido real da palavra.

4 - A cultura do "de graça é melhor, mas não faz muita diferença".

Aqui temos uma controvérsia interessante. Os jogos free-to-play/pay-to-win também são responsáveis por grande parte  da inclusão de brasileiros no mundo dos MMOs. Isso é ótimo, em um certo sentido...

Em contrapartida, alimentamos uma cultura de jogadores que não gostam de se esforçar muito para conseguir as coisas. Alguns simplesmente compram os itens mais caros, novamente para ficarem mais fortes. Começaram a surgir o que chamo de "mendigos virtuais" (jogadores sem-noção que ficam pedindo coisas no jogo). Vários script kidies invadiram os MMOs com seus programinhas que burlam os jogos, prejudicam o server e não ajudam em nada, apenas eles mesmos. Junta-se isso ao fato de "espertinhos" criarem servers piratas para jogos pagos e temos mais conteúdo gratuito na net, com menos valor.

Quando digo valor, não estou dizendo valor monetário, e sim o valor que o jogo em si agrega à sua diversão.

Criou-se a banalidade. Jogadores que não querem pagar pelo conteúdo, jogam free eternamente ou, no pior dos casos, migram-se para servidores pirateados. Eu mesmo já fui um desses, já estive do lado de lá.

Um fato engraçado é que ainda exigem ter um bom suporte. Que empresa presta um bom serviço quando não está ganhando nada?

Minha conclusão:

Já é possível perceber, pela quantidade de comentários (no post citado) de pessoas revoltadas com a atitude dessa média de brasileiros (ditos mal-educados), e a forma como os de opinião contrária ao assunto se comportaram, como é a atitude dos mesmos nos MMOs. Basta ler o debate, nem é preciso se esforçar muito, para tirar suas próprias conclusões. 

A verdade é que o cenário que vejo hoje ainda não é muito favorável para os brasileiros. Mesmo em servidores totalmente BR, ainda há jogadores mal-educados que apenas procuram os outros por necessidade, ao invés de um bom bate-papo.

Engraçado que, mesmo em jogos pagos (como o WOW, por exemplo) ainda existe aquela turminha que quer apenas "upar". Eu particularmente não consigo entender isso. Se estou pagando pelo jogo, eu acredito que devo aproveitá-lo o máximo possível. Não devo aproveitar todas as experiências? Qual a graça de apenas conseguir levels mais rápido?

Eu prefiro acreditar que o valor entre o ser-humano e o objetivo que ele busca está no percurso em que ele faz, e não no prêmio final. Mesmo em MMOs.

Abs^^


 Killdragon

Via RPG Vale

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