Hiho, crianças! Normalmente eu só apareço aqui com a Game (atrasada) Over, mas, que tal um pouco de nostalgia no final de semana?
A série "Gold Box" de AD&D, da Strategic Simulation Inc foi uma das maiores franquias do RPG ocidental durante o final dos anos 80 e começo dos anos 90. A empresa atingiu o topo das produtoras de RPG através do exceelente uso da sua licensa de AD&D com o jogo "Pool of Radiance" (1988) e a sequência "Curse of the Azure Bonds" (1989). A game engine deles, chamada Gold Box, foi uma das maiores dentro do jogo, com cerca de uma dúzia de jogos lançados entre 1988 e 1993.
Mas o que esses jogos tinham de especial?
Todos os jogos da série Gold Box era, basicamente, muito parecidos: você jogava com uma party de 6 personagens; que não passava de uns polígonos viajando de cidade em cidade pelo mapa.
Porém, ao entrar em uma dungeon, a coisa mudava de figurava e o jogo adquiria uma perspectiva em primeira pessoa. O destaque do combate eram as sua táticas - espaço e movimento são detalhes importantes aqui (diferente de jogos como Wizardry ou até mesmo Might & Magic) e os conhecidos ataques de oportunidade entram em questão.
Porém, como nem tudo é perfeito, a narrativa e os personagens não possuem quase nenhuma importância em um jogo da série Gold Box. Para ser honesto, você pode alterar a aparência dos personagens. E só. O jogador praticamente nunca pode fazer qualquer escolha no jogo que não se resuma em "para onde diabos eu vou agora?"
O plot da história é contado parcialmente durante o jogo e mais detalhado em um manual, que vinha anexado a ele. Esse manual era dividido em centenas de registros e frequentemente o jogo dizia algo como "Leia o Registro 23 do Manual". Pra completar, muitos desses registros eram de mentira - criados apenas para evitar que o jogador lesse o manual inteiro e soubesse tudo da história do jogo sem nem ao menos começar a jogar.
Com tudo isso em mente, era geralmente difícil dizer a diferença entre os jogos da série Gold Box. Aliás, pra complicar mais ainda, você podia transferir seus personagens de um jogo para outro - o que, às vezes, gerava a estranha sensação de estar sempre jogando o mesmo jogo.
Mas é claro que haviam mudanças de um jogo para outro. Os jogos mais "recentes" possuiam gráficos melhores e uma ligeira melhoria na história e em detalhes menores do gameplay. E falando em mecânica do jogo, era definitivamente estranho ver como as regras do AD&D se aplicavam melhor na metade da história (personagens entre os níveis 5 e 14, aproximadamente), ou seja, o chamado "middle game" era a melhor parte do jogo.
Ainda nesse assunto, as séries "The Savage Frontier" foi uma das últimas a ser lançada, então ela aproveita o melhor dos dois mundos. Além de contar com uma experiência melhor de jogo, ela também começou a incluir um pouco de interação com o personagens - ou seja, você deixava de ser uma máquina de combate e, de vez em quando, tinha uma ou outra fala.
Isso é importante porque foi exatamente aqui que o solo começou a ser preparado para que chegasse Baldur's Gate e outros jogos da BioWare. Duvidam? Basta ver como o segundo jogo da série ("Treasures of the Savage Frontier") possuía até mesmo possibilidade de romance entre os personagens! Isso faz vocês lembrarem de alguma coisa? Pois é.
Mesmo assim, naquela época, a série Gold Box não tinha a mesma reputação que Ultima ou Wizardry, pois ela era considerada muito voltada apenas para combate e todos os seus jogos eram muito parecidos. Convenhamos, 12 jogos parecidos em 5 anos pode mesmo ser considerado um "mercado saturado".
Entretanto, foi aqui que plataram a semente para muitos dos futuros sucessos no mundo dos jogos de RPG - e há bastante mérito nisso.
Senta que lá vem história....
A verdade é que a SSI (Strategic Simulation Inc) estava muito na frente do seu próprio tempo. A ideia de jogos usando licensas oficiais (Neverwinter Nights, por exemplo) é extremamente comum hoje em dia, mas começou na década de 80, com a SSI.
Pro bem da verdade, jogos baseados em licensas existiam antes da SSI - afinal, o gênero esporte e os baseados em filmes são os maiores exemplos de licensas para jogos. Porém, a SSI demonstrou um nível de qualidade superior quando o assunto era adaptar essa licença para os video games.
Mais ainda, a série Gold Box foi pioneira no subgênero de RPG tático. Claro que, hoje em dia, não chamaríamos aquilo de RPG tático pois o gênero já foi redefinido graças a jogos como X-COM (1993) ou o aclamado Final Fantasy Tatics (1997). A série Gold Box seria mais como um tatataravô desse gênero (ou um primo distante).
Grandes poderes...
Da Gold Box, surgiram dois spinoffs que mostram como ela estava na frente do seu tempo; para vocês entenderem: "Neverwinter Nights" (1991) e "Forgotten Realms Unlimited Adventures" (1993). Fim da história.
A obra-prima da série Gold Box, no entando, provavelmente foi Neverwinter Nights. Ao invés de controlar uma party inteira (os 6 personagens), você criava apenas um personagens e se juntava com outros jogadores pelo mundo, em uma espécia de online multiplayer. O jogo foi popular o suficiente para sobreviver até 1997, quando Ultima Online seria lançado.
Grandes Responsabilidades!
A falha da SSI em substituir a franquia Gold Box ajudou a criar a era negra dos RPGs (em 1995); e seus sucessores (como os jogos da Dark Sun) não conseguiram capturar a essência que fez da série Gold Box um sucesso.
Infelizmente, a maioria das maneiras de se jogos esses clássicos estão hoje indisponíveis e até mesmo as comunidades online de fãs saudosos são hoje apenas sombras do que foram nas últimas décadas. Mas quem tiver como, não deve perder a chance de conhecer esses clássicos que prepararam o solo pros RPGs como conhecemos hoje em dia.
.... mas dizem que na internet tem de tudo, né?
Cheers!
Nostalgia - A série Gold Box RPG Vale
Nenhum comentário:
Postar um comentário