quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Corredor se recusa a vencer para ajudar líder


Espanhol Iván Fernández poderia ultrapassar Abel Mutai, mas preferiu ajudar o adversário

 
Espanhol poderia ter conquistado o bi após descuido do queniano - Foto: Reprodução
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O importante é competir. A frase que já virou chavão foi levada ao pé da letra pelo espanhol Iván Fernández Anaya. No último dia 2, o corredor poderia ter saído vitorioso da prova de cross country de Burlada, em Navarra, mas ao ver o líder Abel Kiprop Mutai comemorar, equivocadamente, a vitória antes da linha de chegada, preferiu conduzir o queniano até o fim do percurso.
“Eu não mereça ganhar e fiz o que tinha que fazer. Ele me impôs uma distância que eu não poderia superar. Quando vi que parou, sabia que não iria ultrapassá-lo”, disse o espanhol de 24 anos, ao jornal El País, da Espanha.
A vitória significaria o bicampeonato do espanhol na prova, uma vez que ele já havia vencido a corrida no ano passado. No entanto, ele admitiu em seu blog, que o gesto repercutiu mais do que uma vitória.
“Nunca pude pensar que meu gesto com Mutai chegaria aonde está chegando. Estou em uma autêntica nuvem. São muitos comentários, entrevistas, reportagens. Queria agradecer por tudo que fizeram”, falou o corredor, que ainda descreveu o ocorrido.
“A 100 m do fim, vejo que Mutai começa a saudar o público e vai freando. As pessoas ali presentes, ao ver que eu chegava, gritam para ele, porém Mutai não entende nada. Eu não dava crédito, pois só via um arco de chegada. Quando cheguei até ele, coloquei a mão em suas costas e lhe disse que a meta estava mais adiante. Ele não me entende, logicamente, e decido ir com ele até a chegada”, escreveu.
Ao final da prova, o queniano nitidamente sem graça agradeceu o espanhol com um aperto de mão. Seu treinador, Martíz Fiz, também elogiou o gesto de seu pupilo, mas afirmou que não tomaria a mesma reação. “É um gesto que já não se faz, ou melhor, nunca fizeram. Foi muito bom”.
Fernández ressaltou, porém, que se o deslize do queniano, medalhista olímpico em Londres, acontecesse em uma prova de maior relevância, sua atitude poderia ser diferente. “Não havia nada em jogo, tampouco, muito dinheiro. Se houvesse uma medalha de mundial em disputa, acho que teria aproveitado para ganhar”, finalizou. 

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